Provavelmente todo mundo que tem o costume de degustar vinhos já ouviu falar de Chianti. Ou ao menos quando era criança se deparou com uma garrafinha bojuda e com uma sainha de palha, que eram muito comuns nos mercados brasileiros.
Vamos conhecer um pouco mais sobre ele?
O Chianti ficou muito conhecido por essa garrafinha que levava o nome de fiasco, mas seu maior símbolo é o galo negro. E você sabe porque?
Reza a lenda que nas longas disputas medievais entre fiorentinos e sieneses a população e os governantes já estavam cansados de guerras e então decidiram por um outro tipo de disputa para estipular sob qual bandeira ficaria a região. Assim, concordaram que dois cavaleiros sairiam ao cantar do primeiro galo da madrugada, um partindo de Firenze em direção à Siena e o outro no sentido contrário. Onde eles se encontrassem, seria demarcado o limite dos domínios.
E assim nasceu a lenda do Gallo Nero, o galo negro que até hoje serve de emblema dos vinhos de Chianti Classico. Diz-se que os sieneses escolheram um belo e forte galo branco para dar o sinal ao seu cavaleiro. Já os fiorentinos teriam escolhido um galo negro raquítico, que ficou confinado sem comida. Por isso, o galo de Firenze teria acordado mais cedo, ainda durante a noite, faminto, e começado a cantar, fazendo com que seu cavaleiro tivesse grande vantagem sobre o rival de Siena, cujo galo só acordaria para cantar já nos primeiros raios de sol da manhã. Assim, dos pouco mais de 60 quilômetros que separam as duas cidades, o cavaleiro sienês conseguiu percorrer somente cerca de 12 antes de encontrar o oponente nas proximidades de Fonterutoli, pouco ao sul de Castellina. Se a lenda é verdade eu não sei, mas a demarcação da área de Chianti como pertencente à Firenze ocorreu em um tratado de 1203. E essa é uma bela história a ser contada aos amigos, não é?!
Mas vamos aos vinhos? Chianti, como dito acima, é um vinho da região de Toscana, na Itália, tinto elaborado com a predominância de Sangiovese. Chianti é Denominação de Origem Controlada e Garantida (DOCG) com diversas regulamentações tratando de sua produção. Embora seja considerado um vinho “comum”, vem ganhado cada vez mais adeptos graças ao seu jeito “fácil” e também pela busca incessante de qualidade do Consorzio, presidido por Sergio Zingarelli, que inclusive produz os vinhos que recomendo hoje.
Os mais comuns no Brasil são os Classicos, pelo que vou falar mais deles: Chianti Classico é uma área específica dentro de Chianti que adquiriu posição independente e é comumente reconhecida como produtora de vinhos de melhor qualidade. Os vinhos de Chianti Classico são controlados por Consorzio próprio e reconhecidos por trazerem em seu gargalo o “gallo nero”. Podem se classificar em Chianti Classico, Chianti Classico Riserva e Chianti Classico Gran Selezione. São permitidas apenas uvas tintas e, para obter qualquer uma das certificações, o vinho deve passar por exames físicos, químicos e organolépticos junto ao Consorzio. Para os Chianti Classico, um mínimo de 80% da composição deve ser de Sangiovese, podendo chegar a 100% (varietal). Os 20% restantes devem ser de uvas tintas adequadas para cultivo na Toscana, previstas em regulamento. Os Chianti Classico Riserva obedecem às mesmas regras de composição, devendo, entretanto, passar por pelo menos 24 meses de envelhecimento em madeira e mais três meses em garrafa para serem comercializados. Sua graduação alcoólica mínima é de 12,5%. Mais recentemente foi criada a classificação Chianti Classico Gran Selezione, que prevê que as uvas utilizadas em sua produção devem ser provenientes exclusivamente de vinhedos próprios, os períodos de envelhecimento devem ser de 30 meses em madeira e três meses em garrafa. Como se vê, subindo a classificação encontramos vinhos com maior guarda e um pouco mais de potência.


Os Chiantis são ótimos parceiros daquele almoço de domingo em família com massa e frango assado, carnes de porco….
Existem vários rótulos no mercado. Prove algum e me conte.
Obs. Post originalmente publicado no Arquitetando Estilos.