Decantar ou não Decantar? Eis a questão!

por Keli Bergamo

Quando decantar um vinho?

Sou chique porque decanto ou decanto porque sou chique?

São dúvidas cruciais para o futuro da humanidade… Ou não…. Mas tá aí um assunto que precisa ser reforçado. E digo: decantar não torna você com cara de sabichão dos vinhos.

Quando éramos xxxxovéns aprendemos o objetivo da decantação: separar líquidos de sólidos. Com o passar do tempo deixamos de estudar algumas das muitas coisas dessa época porque, em nossas carreiras, optamos por uma das áreas e as outras (como o objetivo de decantar) ficaram adormecidas nas gavetinhas do nosso cérebro junto com Fórmula de Bhaskara e outras coisas que costumeiramente não usamos na vida diária (a gente pensa assim, ao menos).

Aí você se apaixona por vinho e isso lhe obriga a rever conceitos de história, de geografia, de física de química…. E quando percebe está igual a mim: estudando o efeito dos solos no vinho, ficando feliz em conhecer microbiota (sim mano, me pego falando desde minhoca até outros seres) de determinada zona produtora… Enfim… Vira um nerd unificado de humanas, exatas e biológicas. #confesso

Mas tá… Depois de divagar e confessar que não sou mais uma pessoa de humanas, voltemos ao assunto…

O vinho nos conduz a uma viagem pela história da humanidade e isso compreende várias ciências. Ao abrir uma garrafa viajamos por diversas questões arraigadas naquele líquido de origem milenar e tão importante. Isso não precisa ser ressaltado a todo dia – não queremos enochatos de plantão – mas faz parte mesmo sem você saber.

A característica do vinho que você bebe vem da composição química da uva ou uvas com as quais é elaborado, da forma como ela se comporta em sua localização geográfica e também de como a expertisse humana conduz esse processo.

Exatas, biológicas e humanas no mesmo balaio!

E essas características também te ajudarão a entendem o uso do decanter….

Uau, fiz um baita rodeio pra chegar até aqui, mas acho a introdução oportuna para dizer que NEM TODO VINHO PRECISA DE DECANTER. ALIÁS, A MAIORIA NÃO PRECISA!

Como disse acima, decantação é a separação de sólido dos líquidos e os vinhos são elaborados com processos que promovem a limpeza de borras e pequenos resíduos no intuito de mantê-lo límpido, brilhante e estável. Com o passar do tempo, no entanto, reações normais dentro da garrafa acabam por condensar elementos e fazer com que ocorra a formação dessas partículas sólidas.  Nesse momento o decanter ganha espaço: auxiliando na separação para que o vinho não seja levado a taça com turbidez e atrapalhe a experiência de desgutação. Portanto,  o processo de decantação ganha lugar apenas com vinhos de mais idade e com formação de borras.

 

Poxa, mas comprei um decanter bonitão e quero usar…. Você pode, migo… Faz um belo vaso de flores…  Mentira… Tem outro jeito de aproveitar esse acessório:

Usar o decanter como um AERADOR: aqui o decanter funciona como um facilitador para que o vinho respire melhor e fique mais “fácil” ao ser consumido. Mas também vale a máxima: nem todo vinho precisa respirar antes de ser servido!

Quando saber se ele precisa dessa “manobra”? Tem várias situações que envolvem o tempo de guarda do vinho. Explicando com muita brevidade, o vinho precisa ser aerado quando tem capacidade de guarda mas será degustado quando ainda jovem. É um tema bem complexo – que eu ensino no meu curso online, aliás – mas que você pode confirmar sobre determinado vinho olhando a ficha técnica dele.

Vá ao Google e busque pelo nome e safra do vinho. Localizando a ficha técnica, o produtor dará as diretrizes de consumo com a provável capacidade de guarda dele. Se necessária aeração, você poderá fazê-la no decanter e deixar que alguns aromas ainda fechados se abram e mostrem melhor a personalidade do vinho.

Foi isso que fiz com esse vinhaço aqui, com guarda estimada em 20 anos e que foi aberto com menos de 10…

Aqui é importante relembrar: um percentual mínimo de vinhos do mundo tem capacidade de guarda e portanto, não há necessidade de aeração para eles.

Resumindo: uso de decanter é exceção. Não se prenda tanto a ele e tome mais vinhos, assim você afina sua degustação e saberá como melhor apreciá-los.

Ah! E caso precise mas não tenha um decanter, pode usar uma jarra sem cheiros, de vidro mesmo, e pronto!

Até a próxima taça, Keli Bergamo

 

Obs. Texto originalmente publicado no Arquitetando Estilos.

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