Que o clima está mudando não é novidade, mas o que a indústria do vinho tem feito para combater e contornar tudo isso?
Como muitos pesquisadores dizem “é preciso mudar para não mudar”, referindo-se à alterações em padrões de viticultura e enologia a fim de não mudar os estilos mais clássicos dos vinhos.
Um recente episódio de 60 Minutes, intitulado “Weather and Wine”, retratou a devastação e prejuízos acusados pelas mudanças climáticas em 2021. Inundações, calor extremo e geadas na Europa impactaram o mercado em cerca de US $ 2 bilhões de dólares. Na Califórnia, grandes incêndios florestais em agosto de 2020 impediram as safras em regiões importantes como Sonoma e Napa.
Mudar as variedades plantadas é uma alternativa? Certamente! Mas a melhor resposta da indústria nasceu em 2019 com o International Wineries for Climate Action (IWCA), uma associação inclui algumas das empresas de vinho mais poderosas do mundo e que desenvolveu um processo de descarbonificação até 2050. O IWCA foi fundado por 2 gigantes: Jackson Family Wines e Familia Torres. Ambas são ainda familiares e iniciaram por conta programas de sustentabilidade, mas perceberam que precisavam de uma ação coletiva de vinícolas de todo o mundo para reduzir a devastação crescente.
Em pouco tempo, o IWCA alcançou uma lista de membros de 25 vinícolas em 7 países., que inicialmente receberam com patrocínio da Jackson Family Wines uma série de 5 webinars intitulada ‘Rooted for Good’, para explicar as práticas recomendadas que as vinícolas estão adotando para combater a mudança climática.
Especialistas do mundo estão reunidos no projeto e uma delas é a Dra. Kimberly Nicholas, Professora de Ciência da Sustentabilidade na Lund University, na Suécia, que concluiu sua dissertação sobre o Efeito das Mudanças Climáticas na Indústria do Vinho da Califórnia, que alerta sobre o prazo limite até 2030 para uma “limpeza” do processo.
Segundo ela, 4 ações são indispensáveis:
– Vinhedos: otimizar os insumos para o solo e reduzir os fertilizantes de nitrogênio.
– Vinícola: usar energia mais eficiente e renovável.
– Embalagens: , mude para garrafas de vinho mais leves e embalagens alternativas, economizando vidro para quando for necessário.
– Transporte: mude do transporte de vinho por caminhão e avião para trens e navios e torne todo o transporte livre de petróleo.
Além destes, o plano de ação contempla 3 etapas para atingir a meta de emissões zero de carbono até 2050, e que se referência no Protocolo de Gases de Efeito Estufa (GEE):
1) Complete um inventário de emissões de GEE verificado por terceiros para determinar seu nível atual de emissões de GEE. Comprometa-se a se tornar zero líquido até 2050.
2) Comece a implementar processos de negócios para reduzir as emissões de GEE no Escopo 1 (emissões diretas de vinhedos próprios ou controlados e operações vinícolas) e Escopo 2 (emissões indiretas da geração de energia comprada, por exemplo, eletricidade, aquecimento, refrigeração, etc.)
3) Comece a implementar as melhores práticas da cadeia de suprimentos (Escopo 3) para abordar questões de embalagem, transporte e viagens de negócios.
Assim que as vinícolas concluírem as três etapas do processo acima, elas podem passar para o Nível de Prata no IWCA. Para atingir o Nível Ouro, eles precisam ter operações de vinificação alimentadas por pelo menos 20% de energia renovável local e demonstrar uma redução consistente de emissões. Até o momento, 7 vinícolas alcançaram o Nível de Prata: Cullen Wines – Austrália, Emina Wines – Espanha, Silver Oak / TwoMey – Califórnia, Spottswoode – Califórnia, Symington – Portugal, VSPT Wine Group – Chile e Yealands – Nova Zelândia. Apenas Torres e a família Jackson alcançaram o Nível Ouro até agora.
Fonte: Forbes, CBS e Appellation America (incluindo a imagem)