Essa semana tive a oportunidade de contar novamente a um grupo de apreciadoras a história fantástica que revolucionou o mundo dos vinhos: O Julgamento de Paris.
Bem… A verdade é que esse divisor de águas do vinho tinha tudo para dar errado…
Em 1.976 o britânico Steven Spurrier, que era proprietário de uma loja de vinhos em Paris, resolveu organizar uma degustação totalmente às cegas de grandes vinhos franceses e vinhos californianos. A ideia foi de uma de suas funcionárias, que era americana e lhe sugeriu uma viagem à região como forma de engrenar seus negócios que andavam estagnados.
Surpreso com a qualidade de alguns rótulos que conheceu por lá, voltou animadíssimo em promover o evento. Infelizmente não contou com o apoio dos críticos de vinho. Alguns só compareceram pela amizade que mantinham com Spurrier.
A maioria justificou seu desinteresse por achar que o resultado seria óbvio.
Com a imprensa não foi diferente. Apenas um jornalista cobriu o evento (e só porque não tinha nada melhor para fazer naquele dia).
Mal sabiam que o Julgamento de Paris se tornaria um dos maiores marcos para o vinho do Novo Mundo ….
A vitória dentre os brancos e tintos foi dos californianos, causando surpresa, reclamações e muito burburinho, o que soou positivamente para os produtores da região.
Em 1976 os vencedores foram o Chateau Montelena Chardonnay 1973 e o Stag’s Leap Wine Cellars Cabernet Sauvignon 1973.
Ontem duelamos dois chardonnays: O Chateau Montelena 2012 e o Meursault 1er Cru Les Poruzots Château de Puligny-Montrachet safra 2009.
Os dois vinhos são excepcionais, sem dúvida alguma.
Chateau Montelena – além de uma elegância ímpar – tem frutas leves, contidas, madeira levinha com um final defumado que sempre me agrada. Complexo, uma delícia. Em outra oportunidade provei a safra 2010, mas digo que preferi a 2012, ao contrário de Robert Parker.
O Meursault também estava especial. Adoro os chardonnays da Borgonha e esse 1er Cru, apesar de um pouco ácido – lembrando que tem capacidade de guarda de 10 anos e que certamente se tornará mais equilibrado – se manteve mais intenso em taça por toda a noite e acompanhou muito bem a moqueca de camarões servida. Ah! Esse vinhaço é produzido com uvas de uma área de apenas 0,73 Ha. Um grande privilégio degustá-lo.
O resultado de nosso julgamento? A maioria preferiu o francês, mas acharam que era o californiano, rs…
Isso só prova que a brincadeira valeu a pena e que degustações às cegas sempre serão divertidas e enriquecedoras.
Ah! Os dois vinhos foram comprados em São Paulo. Chateau Montelena pode ser encontrado na Smart Buy Wines e custa R$579,00 e o francês – importado pela Mistral custa R$ 650,00.
Quer conhecer mais sobre essa deliciosa história? Então assista o filme inspirado nela: The Bottle Shock. Divertidíssimo!
1 comentário
Muito legal.
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