Imagine que um fenômeno natural que poderia ocasionar em perdas enormes aos vinicultores se transformou em um dos pilares de um dos vinhos mais deliciosos e valorizados do mundo. Essa é a história do IceWine ou Eiswein (como esse vinho é chamado nos países europeus).
O Canadá é o líder na produção desse vinho mas sua história é recente e ganhou notoriedade a partir de 1.974 com a instalação da vinícola Inniskillin, que cheia de inovações transformou a produção predominantemente de vinhos alcoólicos e descompassados do país em vinhos de qualidade e elegância.
O clima do Canadá – com invernos rigorosos – favorece a produção do IceWine. Para elaboração desse vinho, as uvas são colhidas tardiamente quando as temperaturas atingem 8o. negativos (em alguns anos não há safras porque as temperaturas não caem tanto).
Colhidas congeladas, as uvas são prensadas e a água congelada é separada do mosto, que então é fermentado e gera um vinho de sobremesa extremamente concentrado e intrigante.
Esse processo caprichoso e extremamente dependente da natureza origina um vinho muito equilibrado entre acidez e doçura. Uma verdadeira joia.
O preço é salgado, as garrafas são pequenas, mas valem cada gotinha…
Quase não encontramos no Brasil, mas quem viaja ao Canadá ou aos Estados Unidos tem que aproveitar os preços mais convidativos e provar.
Provei alguns bons rótulos da uva Vidal e Riesling mas esse da foto foi meu favorito. Elaborado com a uva Gewustraminer, era muito perfumado e vivo. Quase uma viagem olfativa.
Com o que acompanhar o IceWine? Sozinho, só contemplando essa maravilha, com queijos azuis (provocando aquele contraste delicioso) ou com sobremesas que levem calda de caramelo, mel e frutas cítricas.
Ps. Post originalmente publicado no AE