A Vinha Maria Tereza é um patrimônio histórico do Douro e da Quinta do Crasto.
Com mais de 100 anos, possui 54 variedades de uvas e dá origem ao vinho de mesmo nome.
Para preservar sua identidade única, a Quinta desenvolveu o Projeto “PatGen Vineyards” a fim de identificar a totalidade das castas que fazem parte da Vinha Maria Teresa permitindo a reposição de videiras mortas por variedades geneticamente idênticas, perpetuando desta forma o “terroir” e o “field blend” desta vinha única. Até ao momento já foram identificadas 54 castas diferentes nesta vinha com 4,7 hectares.
Para essa identificação, foram realizados trabalhos de geo referenciação em exatos 29.600 pontos, incluindo um mapeamento de falhas e a cada um deles foi atribuído a casta que lhe pertence.
As medidas envolvem:
- Voos de drone e imagens de satélite NDVI.
- Mapas de NDVI e NDVR de alta resolução.
- Mapas de zonas de índice de vigor – fertilidade – Plano de fertilização “cirúrgico”.
- Contagem de plantas – verificação de plantas mortas “ vinha census”.
- Capacidade de antecipação e evitar a perda de material genético – ÚNICO
O sistema vai identificar inclusive a perda de capacidade/morte da planta para direcionar a clonagem necessária. Essa conservação da diversidade genética irá proporcionar a perpetuação do mapa genético da Vinha Maria Tereza e também servir como exemplo para que outros – algo que certamente será subsidiado e assistido pelos órgãos responsáveis – façam o mesmo com suas vinhas centenárias.
O mapeamento genético permite ainda maior precisão na tomada de decisão da data de vindima pelos níveis de fertilidade vs maturação e também a intervenção mais certeira no que diz respeito a fertilidade planta por planta.
E ainda tornou possível à Quinta replicar a vinha em suas exatas condições, logo abaixo da original, e na mesma proporção em quantidade para cada variedade.
A vinha Maria Tereza, como se vê, é um reflexo deste perfil multicastas tão próprio do vinho duriense, e, por sua extensão, tem pontos com 2 horas de sol a menos que outros, dentre outras características únicas. Isso exige de 3 a 4 vindimas diferentes durante a safra e também proporciona vinhos diferentes a cada ano, conforme o perfil de cada parcela vindimada.
Aliás, um dos questionamentos que fiz ao amigo e Diretor Comercial da Quinta Tomás Roquete foi sobre a tal lenda de que as vinhas, pelo longo período de “convivência” acabam tendo perfis de amadurecimento parecidos. Ele, no entanto, me explicou que isso não ocorre e por isso mesmo as vinificações são separadas e o blend final é definido com os vinhos já prontos.
Ressaltou ainda que, em alguns anos, algumas parcelas sequer entram nos cortes e são desclassificadas para o Vinho Quinta do Crasto Vinhas Velhas.
O Maria Tereza é realmente um vinho único. Por seu legado histórico e estilo de altíssima concentração, tem todo cuidado da casa para que represente exatamente o Douro em taça.
Como dito, cada parcela é vindimada em tanques separados e em uma adega exclusiva para o vinho:
O vinho passa por amadurecimento de 20 meses em barricas de 225 litros de carvalho francês, 100% novas
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O vinho Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa foi apenas produzido nos anos de 1998, 2001, 2003, 2005, 2006, 2007, 2009, 2011, 2013, 2015, 2016 e 2017, sendo que o número máximo de garrafas produzidas foi, em 2007, de 8001 garrafas.
Essa grande joia é importada para o Brasil pela Qualimpor.
Meu agradecimento à Tomás Roquete e ao enólogo Manuel Lobo pelas informações.
Até a próxima taça, Keli Bergamo